por Letícia Bahia
Psicólogo que não se posiciona contra a redução da maioridade penal não merece o diploma que pendura na parede.
De acordo com o Conselho Nacional de Justiça, o Brasil alcançou, em 2014, o terceiro lugar no ranking mundial das populações carcerárias. E a violência, a quantas anda?
Psicólogo que não se posiciona contra a redução da maioridade penal não merece o diploma que pendura na parede.
De acordo com o Conselho Nacional de Justiça, o Brasil alcançou, em 2014, o terceiro lugar no ranking mundial das populações carcerárias. E a violência, a quantas anda?

Se legislar pelo medo mostra falta de caráter, exercer a Psicologia desconsiderando o processo de construção do indivíduo é jogar a profissão no lixo. A redução da maioridade desconsidera a história do adolescente em conflito com a lei, que se vê reduzido à categoria inata de "bandido" - à qual se opõe, claro, o "cidadão de bem". Nessa lógica reducionista de desenho da Disney as soluções são simples e o resultado é infalível, quadro que em nada se assemelha à realidade.
Taxar o jovem que cometeu um ato infracional de bandido é ignorar a trajetória de construção da sua subjetividade e aniquilar, consequentemente, a possibilidade de uma análise crítica dessa realidade que produz a violência. A intervenção pontual do encarceramento, aparentemente simples e eficaz, vai efetivamente se somar à história de abandono destes adolescentes já tão negligenciados pelo poder público. Se a situação já era ruim antes, deve piorar se a decisão for a cadeia, onde - sabemos - uma rotina diária de violação dos direitos humanos deverá agravar o ciclo de violência.
Taxar o jovem que cometeu um ato infracional de bandido é ignorar a trajetória de construção da sua subjetividade e aniquilar, consequentemente, a possibilidade de uma análise crítica dessa realidade que produz a violência. A intervenção pontual do encarceramento, aparentemente simples e eficaz, vai efetivamente se somar à história de abandono destes adolescentes já tão negligenciados pelo poder público. Se a situação já era ruim antes, deve piorar se a decisão for a cadeia, onde - sabemos - uma rotina diária de violação dos direitos humanos deverá agravar o ciclo de violência.
A Psicologia se fundamenta na plasticidade humana, na possibilidade de mudança. Por esta razão o Conselho Federal de Psicologia, bem como os Conselhos Regionais, são contrários à redução da maioridade penal. O psicólogo que acredita nessa solução demagógica e miraculosa, que nega direitos humanos a alguns - e portanto nega a estes a própria humanidade - deveria jogar seu diploma na privada.
* Reflexões de uma lagarta no Facebook
*** Reflexões de uma lagarta no YouTube
**** texto originalmente publicado no Facebook pessoal da autora em 10 de outubro de 2014
*** Reflexões de uma lagarta no YouTube
**** texto originalmente publicado no Facebook pessoal da autora em 10 de outubro de 2014
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