por Letícia Bahia
Rebecca Gomperts chega à Polônia com o navio da Woman on Waves |
O navio passou por Irlanda, Portugal, Espanha, Polônia. Aqui no Brasil, os jornais faziam chegar a marola do "barco da morte", e a discussão sobre o aborto me alcançou na inexperiência dos meus 16 anos. Lembro-me de ter achado o plano de Rebecca genial e incrivelmente audacioso. Mas acho que eu era contra o aborto, porque me lembro de repetir à exaustão um argumento que ouvira de um médico na TV: era irresponsável, eu dizia, levar as mulheres para abortarem, devolvê-las à costa e depois partir para o próximo porto. E se houvesse complicações? Rebecca e sua equipe simplesmente não estariam lá para dar suporte às pacientes depois do aborto.
À época eu não sabia que 1 milhão de brasileiras fazem aborto a cada ano, nem que o procedimento realizado de forma insegura mata 13% das mulheres que recorrem a ele. E eu não sabia, até esta semana, que graças ao trabalho de Rebecca é possível realizar um aborto seguro no Brasil.
O site da Woman on Web, organização filha da Woman on Waves e também comandada por Rebecca, disponibiliza informação, suporte médico online e - o mais importante - pílulas de misoprostol e mifepristona, que são enviadas pelo correio a partir de um fornecedor na Índia.
A ONG adverte para o risco de os comprimidos não chegarem, já que o misoprostol - que aqui ficou conhecido com o nome comercial de Cytotec - é proibido no Brasil, apesar de constar na lista de medicamentos essenciais da OMS. Mas sim, é possível realizar um aborto seguro no Brasil.
Os esforços de Rebecca vão no sentido de divulgar informações sobre o aborto seguro, também conhecido como aborto médico, e tornar os comprimidos acessíveis às mulheres. Se o debate político parece estar trancado por aqui, o fluxo de informações que a Woman on Web faz circular avança com a potência de um tsunami.
Algo impossível parecia estar acontecendo quando o site da ONG se abriu na tela do meu PC. Era como se eu acessasse o Facebook de uma casinha na Coréia do Norte. "Este site irá pôr você em contato com um médico que poderá proporcionar-lhe um aborto medicinal". Era isso mesmo que estava escrito? Era isso mesmo que eu estava lendo, no mesmo país que matou Jandira Magdalena dos Santos?
Esfreguei os olhos e a miragem na tela brilhante não se desfez. Eu pensei nas amigas que já fizeram um aborto e nas desconhecidas que morreram por tentarem. E então um pensamento me atingiu como uma flecha: "preciso contar isso para mais mulheres".
Letícia,
ResponderExcluirLindo trabalho de utiidade pública!! Obrigada! <3
Eu que agradeço, Lúcia! Vamos divulgar!
ExcluirGrande abraço!
Muito bom o teu texto. Abraços.
ResponderExcluirOi, Suely, que bom que gostou. Volte sempre!
ResponderExcluirAbraço!
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMeu professor de sociologia me indicou o blog e eu devorei todos os posts, agora só consigo ficar ansiosa pelo próximo. Abriu meus olhos para muitas coisas, parabéns pelo trabalho!
ResponderExcluirQuerida Caroline,
ExcluirDepoimentos como o seu me dão vontade de devorar com palavras todas as pautas do mundo. A gente aqui do lado de cá fica muito sem saber se as pessoas estão lendo e o que estão achando. Que bom que você gosta, e que bom que o blog te trouxe novas reflexões. É só pra isso que ele existe!
A propósito, quem é seu professor? Fiquei curiosa, será que eu conheço?
Beijo grande
Será? Ele se chama Lucas Balieiro ahahah
ResponderExcluirBeijo!
Boa noite depois de tanto pesquisar descobri esse rapaz numa descrição do youtube segue o contato dele fiquei com medo pois achei que fosse golpe mais deu tudo certo quando chegou nem acreditei segue o numero dele: watsap 066 9940-9767
ResponderExcluir