por Letícia Bahia
"Uau, que coragem!". "Que desapego!". "Nossa, ficou lindo, mas que louca, hein!". A louca, a desapegada, a corajosa sou eu e o ato heroico é... ter cortado os cabelos. Sou como um Sansão às avessas: cortei os cabelos e, ao que parece, junto com as madeixas foi-se embora minha fraqueza. Pode parecer exagero, mas depois de 1 mês tendo cabelos curtos, enxergo a importância que os cabelos longos têm dentro desse complexo prisional que é a estética da mulher.
Ter cabelos curtos é libertador. Eu não uso mais condicionador ou qualquer tipo de creme depois do banho. Gasto uma quantidade de xampu - e agora é qualquer xampu - que faz o frasco durar meses. Também não preciso mais refletir sobre a dúvida existencial que acomete tantas mulheres: "lavar ou não lavar os cabelos?, eis a questão". Os potes de produtos que usava para disciplinar - propagandas de produtos para cabelos a-do-ram esse termo - as ondas estão entediados no banheiro, e eu não voltei à loja de cosméticos que frequento (frequentava?) nenhuma vez depois do corte. Não existe mais bad hair day (apresentando uma nova expressão aos rapazes), que antes eu só resolvia com rabos de cavalo, coques ou - que preguiça! - lavando os cabelos. Quando acordo, passo uma água no que me resta de cabelo, bagunço-os com as mãos e estou pronta. Efetivamente, sinto que tenho um assunto a menos para me ocupar a cachola. Nesse sentido, sou agora como a maioria dos homens, e aí começamos a compreender por quê tanta gente acha que é preciso coragem para cortar os cabelos.
"Uau, que coragem!". "Que desapego!". "Nossa, ficou lindo, mas que louca, hein!". A louca, a desapegada, a corajosa sou eu e o ato heroico é... ter cortado os cabelos. Sou como um Sansão às avessas: cortei os cabelos e, ao que parece, junto com as madeixas foi-se embora minha fraqueza. Pode parecer exagero, mas depois de 1 mês tendo cabelos curtos, enxergo a importância que os cabelos longos têm dentro desse complexo prisional que é a estética da mulher.
Me inclua fora dessa, Cat! |
Você ainda não optou pela felicidade? Trouxa! |
Sim, e eu rio bastante! |
Sophie vai ficar anos sem anunciar xampu |
O importante é ser princesa |
Agora vou indo, que cabelo curto cresce rápido e já está na hora de cortar o meu.
* Reflexões de uma lagarta no Facebook
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Oi Letícia,
ResponderExcluirQue texto maravilhoso, eu me identifiquei muito. Na verdade estou devorando o seu blog.
Passei por esse processo de cortar o cabelão há 4 anos, ao mesmo tempo que me descobria feminista. Meu cabelo era na cintura, bem liso, eu sempre o mantinha preso porque não sabia muito o que fazer com ele, nunca tive paciência para penteados a afins, e vivia lutando contra o frizz, ai ai ai. Eu tinha essa falta de coragem de cortar, as pessoas diziam "você vai se arrepender", "mulher tem que ter cabelo comprido", "homem gosta de cabelão", e eu sempre deixava para depois, mesmo quando olhava para minhas fotos quando criança e me via com cabelo curtinho e tão lindinha.
Um dia, usei como desculpa uma viagem de moto longa para cortar. Já no cabeleireiro uma dificuldade, passei por um interrogatório porque a moça achava que eu tinha sofrido alguma decepção para tomar uma decisão tão radical, hehehe, e acabou só cortando na altura dos ombros. Uma semana depois cortei o Joãozinho, que tem sido meu corte desde então. Não me arrependi um só segundo, na verdade eu me senti livre, nada de esperar o cabelo secar por uma eternidade, de ter que prender para não incomodar, de passar cremes porque as pontas estão assim ou assado.
Lavo todo dia porque sendo oleoso ele fica um nojo se eu assim não o fizer, mas abandonei totalmente os condicionadores, se não tem pente é só arrumar com as mãos e pronto.
Ouço muito mulheres que me dizem "eu queria cortar mas não tenho coragem" ou "você ficou bem mas eu não posso porque sou baixa/alta/gorda/magra/feia".
Logo ao cortar um colega perguntou o que meu marido achou, acredita? Também já me disseram para ter cuidado para não ser confundida com uma lésbica por andar de motor e ter cabelo curto, como se ser lésbica fosse algo condenável.
Hoje nem o frizz nem mais nada me incomoda, se ele quer estar mais ou menos arrepiado eu o respeito.
Nunca pensei que cortar o cabelo fosse tão importante.
Ilka
Querida Ilka, que bom saber que você está "devorando" o blog! E que linda sua história! Existe sempre um cunho político em cada pequena ação que realizamos, e dar-se conta disso é mudar o mundo.
ResponderExcluirBeijo grande e volte sempre