quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Com uma única palavra, Obama acaba de fazer História



O presidente Obama acaba de fazer História ao mencionar uma simples palavra: transgênero.

Apesar de a menção estar muito atrasada, é uma importante  ainda que simbólica – primeira vez. Nunca um presidente dos Estados Unidos da América fez qualquer menção aos transgêneros no discurso State of the Union1. Obama também se referiu aos americanos bissexuais, algo também inédito nesse discurso. As mídias sociais foram rápidas em aplaudir a escolha de palavras do presidente: 





Mas ainda que seja um passo na direção certa, está longe de ser o bastante: não houve menção aos transgêneros ou bissexuais quando ele falou sobre falta de acesso à saúde e desemprego, duas questões que indivíduos LGBT - especialmente indivíduos LGBT negros - vivenciam em níveis desproporcionalmente altos. Pessoas trans tem duas vezes mais chances de estarem desempregadas, e muitas das que estão trabalhando estão em subempregos. Muitos planos de saúde excluem indivíduos trans e lhes negam os cuidados de que eles precisam. Por quê as questões de gênero (e de raça, diga-se de passagem) ficaram de fora desses assuntos?

Falar sobre pessoas transgênero e bissexuais é um movimento importante de Obama, mas é preciso muito mais do que isso. Com os EUA a um passo de ver conquistada a meta do casamento civil igualitário em nível federal, precisamos começar a pensar sobre as barreiras que nossa população LGBT enfrenta em todos os aspectos da vida, e não apenas na entrada da igreja. O momento para essa conversa mais ampla é agora  vidas estão, literalmente, na balança. Em última análise, se queremos enfrentar a discriminação de pessoas LGBT, precisamos incluí-las em todas as conversas, e não apenas quando é conveniente.  


1 Discurso feito anualmente pelo presidente norte-americano no Congresso e transmitido ao vivo em rede nacional. Visa informar sobre o estado da nação e sobre a agenda legislativa do presidente. O discurso State of the Union faz parte das obrigações impostas pelo artigo II da Constituição dos EUA, segundo o qual o presidente precisa reportar-se periodicamente sobre a situação do país e recomendar quaisquer medidas que julgue necessárias.
* texto originalmente publicado aqui e traduzido por Letícia Bahia


***

Breve reflexão da lagarta:

Se a comunidade LGBT tem muito o que comemorar, tem ainda mais a exigir. Palavras bonitas são legais, especialmente quando oriundas da boca de um homem que tanta gente escuta. Mas sejamos francos: nada de concreto aconteceu. A não ser, provavelmente, um pico colorido na popularidade do Obama.

Também cabe lembrar que as palavras do presidente estadunidense não têm o alcance global que muitas vezes se imputa a quem ocupa esse papel. É bem provável que quase todos os países da Ásia e África – muitos dos quais submetem suas populações LGBT a condições que fazem o Brasil parecer a Noruega – jamais tomem conhecimento das palavras de Obama.



Reflexões de uma lagarta no Facebook

Um comentário:

  1. Eu teria traduzido os tweets mas eu não fiz faculdade de jornalismo então minha opinião não vale grande coisa.

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